domingo, 16 de julho de 2017

Meu passado muito recente e um trauma: chantagem e sexualidade, não necessariamente nesta ordem.

Há uns 5 anos atrás, um conhecido atrás de um amigo, falou de um garoto que gostaria dele. Fui conhecer e comecei um flerte que nunca dava certo. Até que desisti, que vi que não era ‘meu tipo’ - com o tempo, vamos vendo. Porém era tarde.

Antes de mais nada, sempre gostei de garotos, desde que me lembro por gente.

Derrepente, este garoto que indicaram e que já não queria mais, começou a me ligar. E eu dispensando. Um dia chegou aqui em casa, querendo algo sexual, mas querendo filmar. Não aceitei de forma alguma.

Passou alguns dias, ele me liga com uma conversa mais apimentada e mal sabia que ele estava gravando a conversa.

Outro detalhe, eu sempre estive no armário, apesar de sempre ter alguém.

E ele começou a chantagear com esta gravação, dizendo que contaria para todo mundo, que faria escândalo, que se eu não fizesse o que ele pedisse iria expor e até me ameaçar com uma arma. Entrei em pânico. Um medo incontrolável, que mais tarde se desenvolveu como ansiedade generalizada, quase pânico. Comecei a tomar remédios antidepressivos e clonazepam. E pagava as chantagens.

Ligava quase que diariamente pedindo algo. Era intimidador. Às vezes não conseguia trabalhar para ir arrumar o que pedia. Às vezes dava tempo, as vezes não.

Quando contava que estava prestes a desistir e largar tudo e contar a todos, me ameaçava novamente com arma. Era um inferno.

Tentava contar aos amigos próximos, que até sabiam minha orientação sexual, mas eles não queriam saber de “coisas íntimas” e me cortavam antes de contar o que me aconteciam. O mais próximo chegava a brigar comigo.

Não tinha coragem de contar ao psiquiatra, por não conseguir enxergar um futuro ao qual estaria livre.

Durante este período entrei em um modo autodestrutivo. Meu humor mudou. Minha criatividade acabou.

O àpíce chegou quando a crise brasileira me atingiu em cheio. Com dívidas contraídas devido às chantagens, à mudança de renda. Coloquei então meu carro a venda, mas para pagar as dívidas, não o chantagista.

Ele começou a me ligar todos os dias, várias vezes ao dia, mensagens via whatsapp, sem parar e constantes. Tinha dias que “parecia bonzinho” e “querer me ajudar”, pediu meu carro para tentar vender. Aceitei, mas o carro já estava com bloqueio no banco por causa das dívidas e não tinha como vender, ele não acreditava, deixei ele ver isso.

Até que chegou um ponto, que mesmo com aquele medo terrível, me levantei de onde trabalhava e fui para a loja da minha mãe, junto com meu irmão e contei tudo o que estava acontecendo. Tremendo de medo, assustado.

Meu irmão achava que era drogas. Minha mãe disse que sempre sabia, desde cedo. (Poxa, seu eu soubesse!).

Baixei um aplicativo para gravar conversas, gravei as ameaças, tinha as ameaças dos chat do whatsapp. Chamei o meu amigo mais chato, que já sabia de mim e que não gostava que eu contasse nada para ele (um daqueles lá do começo dessa história) e contei tudo na bucha pra ele, uma vez que é advogado.

E, enfim, com a ajuda dele fomos a delegacia, fizemos a deúncia (sem a ajuda e impulso dele não teria conseguido). A orientação da polícia era não atender mais. Nem responder.

Certo dia, ele aparece aqui em casa (ainda não tinha sido intimado pela polícia) avisando que se eu denunciasse ele eu iria sofrer as consequências, mostrou uma arma, novamente. Por sorte, apertei o botão de áudio do Whatsapp para este meu amigo que me ajudou e gravei quase tudo, quando viu que estava gravando ele bateu em minha mão e derrubou o celular, o áudio foi direto ao meu amigo, que veio para cá com a polícia, mas infelizmente o sujeito já havia ido embora.

Meu carro? Sumiu. A polícia? Ajudou, mas não fizeram nada com o sujeito. Nem sobre meu carro.

Hoje, faz 1 ano ou mais que estou livre do chantagista, mas até hoje sinto traumas dos 4 anos de chantagem.

Detalhe. Estava me preparando para contar para minha família, mas queria testar meus amigos, contando primeiro a eles (não do chantagista, mas de minha sexualidade) de início reagiram aparentemente bem. Hoje em dia, tenho vontade nem de sair de casa, para não ver coisas que talvez sejam da minha cabeça ou talvez sejam reais. E de ser lembrado de minha sexualidade, quando nem mesmo eu estou lembrando dela e outras coisas chatas e desagradáveis.

Este meu amigo advogado, amigo de infância, o qual achava que não era mais meu amigo, me ajudou mais que minha família.

Cheguei a ir a um psicólogo, depois disto tudo, mas ele tratou apenas da sexualidade, da liberdade de ser livre, da liberdade de ter contado, etc. Hoje, vendo algumas reações, preferia não ter contato nada aos amigos pra falar a verdade. Não há liberdade alguma. A não ser com pessoas com desejos sexuais iguais. Ainda bem que ele era contratado da prefeitura e acabaram as sessões, que achava que ele ficava era é excitado.

Durante este período da chantagem, o medo era tamanho que os pensamentos mais recorrentes eram: suicídio, mudar de país mas ai teriam minha família a merce deste bandido, de mandar bater, mandar matar, como matar, como morrer, que se contasse só coisas ruins aconteceriam, que não teria saída, que nunca acabaria mesmo contando. Vários pensamentos, a maioria negativa.

Como estou hoje, depois disto tudo? O fato do sujeito ter sumido, é um alívio. Esta “liberdade” que o psicólogo disse, é uma liberdade falsa, que só existe entre pessoas com os mesmos desejos. Mas por questões óbvias: outros grupos, outros interesses. Igual um sujeito que só pensa em sexo (independente da preferencia sexual) ficar em todo tipo de ambiente mostrando suas taras e desejos, em todo tipo de grupo, é desagradável, e isso sempre soube. Só não precisam me lembrar quando nem eu estou lembrando, ou forçar a falar quando não quero falar, porque não é de interesse deles.


Minha mãe, uma senhora de 70 anos, aceita desde que não me assuma, que continue escondido como sempre fiz. Vive falando mal de gays e lésbicas, só olho e fico calado. Diz que não sou mais feliz como era antigamente (antigamente mesmo, antes do chantagista). Mas como posso ser feliz após este trauma, estar sem dinheiro, sem meu carro, com pessoas agindo diferente agora que me assumi mesmo não mudando nada, e em uma sociedade empresarial (será próximo tema) que não me satisfaz nem um pouco e que me fazem pensar: será que gosto ainda de programar (sim, sou um programador)?

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